terça-feira, 30 de novembro de 2010

O Controle do xixi

Tive a maravilhosa oportunidade de fazer uma palestra, onde pude mais uma vez exercitar o meu Propósito de Vida. Já agradeci aos que estavam lá e aos que me convidaram. Lá, nessa palestra, falei do protagonismo e da liderança. Coisas que não cansam de se confundir e não devem se cansar mesmo. Uma está intimanente ligada à outra. Um líder deve antes de tudo SER um protagonista. Coisa que vem desde a nossa infância, mas que infelizmente nos esquecemos com o passar do tempo. E então, por uma ESCOLHA nossa, resolvemos adotar e nos travestir na posição de vítima. Digo que é uma transversão porque definitivamente não nascemos para ser vítimas. Nossa luz, resistência, inteligência, saúde e tudo mais que cerca o ser humano, nos deu a possibilidade maravilhosa de exercer o protagonismo, a PRESENÇA.

E então diante do tema Protagonismo e Liderança veio uma das partes (que eu adoro) onde cito o desejo, a vontade e a petulância do ser humano em CONTROLAR tudo. Essa vontade vem do sentido "errado" de querer liderar. Líder não controla, líder acompanha, está junto, inspira, indaga, faz perguntas, se coloca PRONTO para ajudar. É, acima de tudo um "auxiliar" de gente. Mas...no ímpeto e no medo do EGO, a pessoa quer controlar. E aí controla até o seu xixi. Falei disso na palestra e senti que de alguma forma, as pessoas ali presentes controlavam o seu xixi. Todos controlam o seu xixi. Eu também controlo o meu xixi ou pelo menos tenho a pretensão de controlá-lo. Às vezes, é claro, porque aprendi que quanto mais a gente controla o nosso xixi, a gente quer controlar o OUTRO, as COISAS, a VIDA. Quanto mais vem o controle do xixi, vem o medo de não estar ali, em qualquer lugar. Vem o medo de não participar, de ser excluído. Sim, porque se eu saio pra fazer xixi eu "perco" alguma coisa e nós "seres onipresentes", não podemos perder nada.
Estamos controlando mais as coisas ou tentando controlá-las (através de todas as ferramentas que o mundo e a tecnologia nos coloca à disposição) porque estamos morrendo de medo e estamos também sucumbindo ao lado "sombra" do EGO, que não quer perder o seu lugar. E aí ficamos na reunião loucos de vontade de sair para fazer o tal do xixi, pois não podemos perder a "fala" do outro ou não queremos que o outro fale de nós sem estarmos presentes. Medo, insegurança, falta de presença ? Covardia ? Sei lá, mas a única coisa que sei é que quando PRENDEMOS o nosso xixi, quando tentamos CONTROLAR o nosso "fluxo", deixamos de ter e exercitar a LIBERDADE. Deixamos de respeitar a nós mesmos e as nossas necessidades mais BÁSICAS, como por exemplo, as fisiológicas.

Mas que pretensão a nossa prender o nosso xixi ???!!! E mais do que isso, por muitas vezes, numa reunião, quando alguém nos diz baixinho que precisa sair pra fazer xixi, falamos "ahhhh aguenta mais um pouco" ou "pode ir que eu anoto as coisas pra você"...Mais que pretensão. E quem disse que é importante anotar ? Por que é importante anotar tudo ? Por que é importante (e cada vez mais) controlar e saber de tudo ? A resposta pode ser: porque estamos prendendo e controlando demasiadamente o nosso xixi. Metáfora ? Claro que pode ser, mas serve para refletir...

Imagino que os urologistas devem estar com seus consultórios cheios e que os remédios para infecção urinária devem estar aumentando bastante as suas vendas. Tem sempre alguém que ganha com o "controle" do outro. Uma pena...(outra metáfora..rsss)
Pois então, devo dizer que não nascemos para controlar nada e muito menos o nosso xixi ou outras coisas mais. Nascemos para exercitar a liberdade de sermos quem somos e respeitarmos o nosso xixi e o xixi do outro (mais metáfora...rsss). Vou parar.
Os animais não prendem o xixi. Simplesmente fazem. E quando o cachorrinho de apartamento fica louco pra sair pra fazer o SEU xixi, a gente até diz pra ele esperar um pouco e quando ele não aguenta mais, ele faz em qualquer lugar e então a gente briga com ele. "Que desgraçado que AINDA não "APRENDEU" a controlar o seu xixi !!!" Assim como a criança, maravilhosa na sua pureza e inocência de liberdade e os nossos velhos, na sua inocência e falta de "controle". E com os nossos velhos somos ainda mais impacientes. Eles não podem não controlar o xixi. Nós achamos. Triste ilusão. Lamentável engano de quem se perdeu no medo e na insegurança de não deixar a vida fazer a sua parte.

O CONTROLE pode ser muito diagnosticado no desejo e na atitude cotidiana de prender o xixi. De prender as palavras, de prender os desejos, de prender a alma, de prender as paixões, os talentos, a vocação. De prender o nosso MELHOR. De escolhermos não sermos verdadeiramente PROTAGONISTAS de nós mesmos. De sucumbirmos ao controle e ao medo do EGO. Enfim, de não darmos a oportunidade maravilhosa para o exercício PLENO da VIDA !!!

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Sr.Palhaço, Sra.Seringueira e Sra.Esperança

Sem nenhuma ofença aos palhaços - até porque os acho parte da vida de todos nós - estamos vendo AINDA em cena o tal palhaço que se diz palhaço (o Deputado eleito Tiririca) curtir com a cara do Brasil. Temos que enfrentar esse tipo de coisa. Temos que viver esse tipo de "malandragem" para entender de uma vez por todas, ou quem sabe não entender nunca, que palhaços (os verdadeiros) não fazem isso com as pessoas...
Esse que está por aí vingindo-se de palhaço, nada mais é do que um "fantoche" nas mãos dos que sabem lidar com os que se deixam levar. Todos - os malandros no caso - saem ganhando. É como se fosse uma legião de pessoas que querem ver o "circo pegar fogo", coisa que aliás, o verdadeiro palhaço teme e repudia. E de pessoas que querem simplesmente levar vantagem. Ter sido o deputado mais votado do Brasil, mostra um Brasil verdadeiramente legítimo no seu desejo de repúdio a tudo que está por aí na política e também um Brasil que esqueceu o que significa um cargo legislativo ou executivo. Um Brasil que não sabe e não quer saber. Lamentável...
E agora estamos vendo o falso palhaço ter que provar que sabe ler e escrever. É o mesmo que dizer que é médico sem nunca ter frequentado uma faculdade de medicina. Sem nunca ter se especializado e assim, colocar em risco a vida alheia. Sim, este Brasil dos analfabetos não se importa muito se um analfabeto pode lhes representar. Porém, para essa representatividade faz-se necessário o valor do saber das letras e das leis para que a ajuda seja mais eficaz. Veremos no vai dar, mas efetivamente precisamos de mais seriedade e competência nos cargos públicos; e pelo o que parece, o falso palhaço não possui esses predicados tão necessários. É mais uma tentativa de bagunçar o que já é tão bagunçado.
Mas quero aqui defender os verdadeiros palhaços maravilhosos de nossas vidas, que só nos levam alegria e emoção ao invés de decepção e vergonha.

Por outro lado. E digo literalmente do outro lado do Brasil, lá na ponta, no extremo noroeste surge a Sra.Seringueira Maria Osmarina da Silva com seu corpo magro, sua fala rouca e seu olhar com a seiva da verdade. Essa mulher, que independente de sua origem criou no mínimo - na cara dos brasileiros - o verdadeiro valor da verdade. Sempre com os mesmos ideiais e as mesmas idéias, consegeguiu impor na sua campanha a Presidência da República, algo que não víamos há muito tempo: coerência ética ou ética coerente. Tanto faz. O importante é que ela falava aquilo que fazia. É o tal "walk the talk" que tanto se comenta no mundo corporativo. Se comentamos tanto é porque sentimos falta, ou porque gostamos muito, não é mesmo ? Pois então, a tal Sra.Seringueira não precisou provar que FOI analfabeta, pois já havia dito isso antes. E muito menos precisou se travestir de palhaça ou ex seringueira, porque também já havia comprovado a sua origem, o seu passado.
Sinto que ganhamos muito com a sua "derrota" nas eleições. Na verdade sinto que foi uma vitória. Essa vitória dos que se preparam, dos que avisam, dos que se anunciam antes de chegar. Foi isso. Marina anunciou a sua futura chegada ao Palácio do Planalto. Tenho certeza disso. Quero ter certeza disso. Aqui dentro do meu coração. Não sou partidário dela. Não tinha simpatia nenhuma em relação a ela, mas devo dizer que a cada dia ela foi me conquistando. E acho que ela não me gerava nenhuma empatia ou simpatia, justamente porque ela foge ao "modelo" de líder que estamos acostumados. E de repente ao ver o falso palhaço e a verdadeira seringueira me dei conta dos extremos a serem percebidos, vistos e analisados. Eles não vieram juntos nessa eleição assim, por acaso. Tem muito a dizer e a entender nessa "união". De um lado o falso e do outro o verdadeiro. Dos dois lados o caricato - na visão limitada da sociedade - e de ambos os lados o desejo de fazer algo. Um pelo bem do que sustenta o indivíduo, a sociedade e o planeta e outro pelo bem do seu próprio bem e dos que lhe devem. Uma verdadeira aula da luz e da sombra. Como nós. Exatamente como nós; na luz e na sombra. Há os que preferem a luz. Há os que preferem a sombra. É só uma questão de escolha. Aliás, como tudo na vida.
O que resta diante DESSA escolha, é a RESPONSABILIDADE em assumir que preferiu um lado em detrimento do outro, sem CULPAR qualquer outro indivíduo, senão a si próprio.

Ao mesmo, surge no meio disso tudo a Sra. Esperança. E esse "meio" não é literal no significado da localização. É no "bolo" entre o falso Palhaço e a verdadeira Seringueira. Surge então a Sra.Esperança que antes se chamava Dilma. Agora ela passa a receber a outorga da ESPERANÇA. Isso é o que nos resta. ESPERANÇA. Aliás, como em muitas vezes nesse Brasil que AINDA aprende a votar, a escolher os seus líderes, seus dirigentes. Mas se uma Corporação, tão acostumada a escolher os seus líderes e dirigentes erra, por que não podemos errar ? É, até podemos, mas o tamanho desse erro é infinitamente maior. Então seria bom que nós brasileiros pudéssemos apressar um pouco o aprendizado...
A Sra.Esperança, surge com o discurso do "outro" e agora acolhe em si a responsabilidade de criar às pressas o seu próprio discurso. Grande desafio e mais uma vez amparado pela esperança brasileira de dias melhores e mais justos. De trabalho sem esmolas e de líderes sem mando ou desmando. Dias de esperança por líderes e dirigentes que nos inspirem e definitivamente nos ajudem a progredirmos como nação, como sociedade, como gente. Esperança de termos no presente e no futuro, um país onde possamos aprender pela exemplaridade e pela prática dos que cresceram com as próprias pernas, como o próprio esforço. Vamos esperar. Vamos aguardar.
Outro dia falei muito disso: o esforço e o talento. O segundo não vive sem o primeiro. Ou seja, não adianta sermos talentosos se não nos esforçamos, se não nos dedicamos a cada dia para fazer melhor e melhor.
Pois é assim que vejo a Sra.Seringueira, colocando ESFORÇO no seu TALENTO para que de forma genuína e verdadeira possa inspirar um Brasil melhor com muita comprovação de que se pode, sem esquecer da esperança por dias honestos, éticos e acima de tudo com muita alegria. Aquela alegria dos verdadeiros e maravilhosos palhaços que um dia encheram de luz a vida de todos nós.

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

A Raiva Pública.

E então o garoto sucumbiu à raiva. É preciso entender que TODOS nós temos um "Neymar" (o jogador de futebol) dentro de nós. Todos nós somos "capazes" de ter e ser a raiva plena com os seus detalhes mais profundos de expressão. Pois ele sucumbiu. E por que se curvou diante "dela" ? Porque é humano, jovem, dinâmico, rico, imaturo, frágil. Mas acima de tudo porque está com MEDO. Insegurança plena dos que precisam da mecânica da raiva ou das ações chamadas intempestivas para demonstrar que estão com medo, que precisam de ajuda, mas que infelizmente não sabem pedir.

Tudo o que está em torno disso (da reação ao medo) tem ligação direta também com as nossas escolhas. Se escolhemos errado ou escolhem por nós ou escolhemos sem pensar, sem sentir, sem refletir; podemos sim nos cobrar mais tarde. E essa cobrança "velada" vem disfarçada, vem transvirada numa reação como essa tanto discutida na mídia. O Neymar pode fazer isso ? Claro que pode. Todos nós podemos. O que impede o Neymar e todos nós de termos esse tipo de reação ? Muitas e muitas coisas, mas dentre elas, a sociedade, as leis, os hábitos, o respeito, a religião, a família. Em muitas culturas e sociedades diferentes da nossa, o rompante da raiva é recebido com compreensão e aceitação. Em algumas culturas isso "liberta". Na nossa cultura isso pode "prender". Não estou fazendo aqui a apologia da raiva, mas faço a reflexão sobre o entendimento e a compreensão. Mais do que isso, faço a "chamada" para nosso DEVER em ajudar a nós mesmos ou àqueles que podem se perder. Damos sinais. Ah sim, damos muitos sinais. O problema é que hoje em dia estamos percebendo cada vez menos os sinais. Os pequenos e mínimos sinais.
O Neymar deve ter dado sinais. O Neymar com certeza deu sinais. E quem ajudou o Neymar ? Vi naquele dia no campo de futebol, um menino perdido tentando se achar. Vi um menino tentando ser HOMEM. Vi um homem querendo ajuda.

Sabemos muito pouco sobre a história das pessoas para julgá-las. É muito fácil julgar. É bom julgar. Isso dá um lugar bem confortável ao EGO. E nesse julgamento nos distanciamos da nossa verdadeira essência humana que é a convivência e a capacidade de agregar, de aceitar, de entender. A raiva do Neymar tem motivos. A agressão - que é a forma mais literal da raiva de expressar - também tem motivos para aparecer. Da mesmoa forma que o AMOR precisa da afeição para se expressar, a RAIVA tem a agressão para dizer que está ali. A diferença é que aceitamos mais facilmente o amor, mas definitivamente não aceitamos a raiva. Volto a dizer; muitas das vezes a raiva é um "pedido de socorro" . Digo que a raiva é irmã do desespero e que a agressão é irmã do grito. E quando estamos desesperados pedimos ajuda, socorro; "escrevemos" o SOS na areia da praia, assim bem grande. O SOS que quer dizer Save Our Souls ou Salvem Nossas Almas. O Neymar está escrevendo um belo SOS na praia...

O mais importante disso tudo é observar, é prestar atenção na recorrência da raiva, no hábito dela aparecer mais frequentemente. Isso é sintomático e nos mostra que algo não está funcionando direito. Nos mostra que coisas, sentimentos, relações estão fora do lugar. E quando as coisas estão fora do lugar precisamos, pelo menos perguntar, o porquê ou o para quê elas estão fora do lugar. E é preciso dizer que tem pessoas que "funcionam" muito bem com a expressão frequente da raiva. E ai dizemos: fulano é tão raivoso...tem tanta raiva....é tão agressivo...
Podemos ter quase certeza de que na maioria das vezes essa raiva e essa agressividade tem um lugar que de uma certa forma "conforta", aquece, dá sentido. Essa pode ser a maneira dessa pessoa dizer que é IMPORTANTE, que está viva, que MERECE atenção. Mas acima de tudo, pode estar querendo dizer: "por favor me ajude". O problema é que ela, a pessoa, não sabe que precisa de ajuda. Dilema. Mais um dilema que temos na vida. É como o animal, que acuado e ferido num canto; agride, rosna, ataca, morde. Castigamos ? Batemos ? Matamos ? Expulsamos ? Acusamos ? Desprezamos ? Na maioria das vezes a resposta é SIM.
O Neymar colocou publicamente a raiva na frente te todos nós. Talvez ele nem entenda muito bem o que está acontecendo e normalmente a raiva nos deixa assim meio "cegos". É a famosa frase: ficou CEGO de raiva. Isso mesmo, a raiva cega. E cega porque não vê seus verdadeiros motivos, não enxerga a clareza das dores, as razões da dor mais profunda. A dor também cega e quando sentimos dor, GRITAMOS. Alguns mais, outros menos; mas gritamos, pedimos ajuda, queremos remédio. E quando a dor nos deixa muito fragilizados, pedimos carinho, queremos compania, queremos AMOR.

A cura então à essa dor, à dor da raiva, é sim o AMOR. E ai vem a pergunta: quanto AMOR e CARINHO o Neymar teve ou tem na vida ? Uma booooooa dose de amor durante muito tempo, pode sim ser uma excelente "vacina" preventiva à dor da raiva, que se expressa com muitos sintomas, mas que sobretudo vem com a doença agressão.
Então, prestemos atenção nos sintomas dessa "doença". Olhemos pois para os nossos filhos, amigos, amores, familiares e para nós mesmos com o propósito claro e legítimo de colocar o amor em prática. Amor na prática é afeição, é gentileza, compreensão e ajuda.
Pois que o Neymar seja AJUDADO, mas acima de tudo que seja AMADO verdadeiramente ao invés de "COMPRADO".

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Ao MESTRE com Carinho

Hoje, dia 02 de setembro foi um dia de carinho. De querer escrever esse texto em homenagem a um mestre. Mesmo que ainda não seja de fato, já o é de direito. Esse mestre que ensaia sua nova entrada no mundo mágico e poético da academia dos grandes e eternos mestres e doutores, é meu amado filho. Aos 22 anos, foi aprovado para o mestrado em Antropologia do Museu Nacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro.

Hoje meu dia se encheu de luz e recompensas. Hoje minha vida fez mais sentido. Hoje tive vontade de GRITAR. Por isso estou "gritando" agora nesse texto dedicado ao meu mestre com todo meu carinho.

Devemos sim aprender com os nossos filhos, com o nosso legado, com as novas e maravilhosas gerações. Meus filhos me ensinam, me alimentam, me orgulham, me engrandecem. Não pela sensação do tal "dever cumprido", pois esse "dever" serve para os pais "culpados". Apesar de por vezes me pegar dizendo essa loucura (o dever cumprido), acredito que não é dever, é AMOR. E amor não deve nem cobra. Amor é. Simplesmente é. Nessa toada doce e reconfortante do maior amor do mundo, hoje dia 02 de setembro meu filho foi o filho mais amado. Hoje; e digo, só por hoje, me senti um pai melhor. Essa expressão ecoa em meu coração e na minha alma como o aprendizado dos irmãos do vício que na força da consciência esperam o dia acabar para agradecer pela abstinência. Pois hoje só por hoje me senti um pai melhor. Um pai aprendiz. Esse exercício maravilhoso de ser pai, deve ser tragado e vivido um dia de cada vez.

Vi durante o tempo que antecedeu às provas, meu filho se colocar a seu próprio favor numa disciplina - que só os plenos de si são capazes de realizar - memorável, delicada, tranquila e certeira. Passar no mestrado do Museu Nacional era seu objetivo e com toda calma e segurança, foi assim buscá-lo e o encontrou. Vejo no meu maravilhoso trabalho de hoje, tantos profissionais com muito medo do resultado, com temor ao risco e mais do que tudo, sem enxergarem o seu próprio poder. Pois meu filho se "empoderou" com toda humildade e lutou muito para conseguir. Por vezes não conseguimos, por vezes conseguimos. Tarefa árdua essa a da dúvida do final. O "não saber" no que vai dar. Tarefa reconfortante essa da confiança em nós mesmos e na nossa capacidade de buscar o resultado; e com toda a nossa energia, exercer dignamente o nosso MELHOR.

Hoje aprendi mais um pouco com mais um mestre que entra na minha vida. E digo que estou aprendendo com meu outro mestre que postula a vaga de universitário. Meu outro mestre, meu outro Amor. Para esse dedicarei muitas linhas no ano próximo. Para esse curvo-me de inspiração por ver a luta diária pelo "seu lugar". Nossa luta pelo nosso "lugar". Todos os dias lutamos por isso. Pelo nosso "lugar". Acredito que meus filhos entenderam que quando vieram para esse mundo, deixaram o melhor lugar que a vida pode ter lhes proporcionado. Alguns por 9 meses, outros por menos...Mas é um lugar. Aliás, o único nosso lugar. Os outros lugarem são passageiros demais. E como são...
Então agora um dos meus mestres terá um novo lugar. E eu estarei pronto para acompanhá-lo em mais uma jornada de encontros, em mais uma estrada de descobertas, em mais um privilégio da existência. Estarei pronto para aprender ainda mais. para ouvir ainda mais a cada dia e para assim, ter a certeza do AMOR em cumprimento. Em andamento, em exercício. Esse amor que não acaba. Esse amor que não pára. Esse amor que me faz ser melhor e maior a cada dia.

Obrigado filho pela luz que você colocou dentro de mim. Hoje, só por hoje te agradeço e te dedico esse texto, meu amado mestre. Com todo meu carinho.

terça-feira, 17 de agosto de 2010

Levantando o Passado

E num fim de semana, graças a tecnologia e a necessidade da alma, eu me vejo com pilhas e pilhas de CDs "baixando" músicas no computador. Coisa que sempre foi vencida pelo pecado da preguiça. Lamentável. Que perda de tempo para encontrar as emoções mais lindas e deliciosas que se resumem na palavra LEMBRANÇAS.

Na medida em que os CDs eram literalmente descobertos, vinha uma lembrança, um sentimento, uma verdade. Tantos e tantos poetas e cantores já passaram pelas nossas vidas e nós nem agradecemos a eles por esse privilégio. Ao contrário, encaixotamos os pobres coitados. Pois bem, todos eles me re-visitaram nesse fim de semana de memórias e muitas recordações. Achei o que queria achar e não achei o que queria ter encontrado. Algumas caixas de CDs vazias que por alguma razão, deixavam a mostra somente a foto do artista, mas sem a sua voz a por dentro. Voz esta, que deve estar sendo tocada (espero eu) em alguma vitrola da vida. Que bom !!!
Nunca pensei que pudesse me emocionar tanto ouvindo aqueles que já tinham passado e que pensei ter esquecido. Nesse momento vi um cara mais velho. Sim, eu mesmo de frente pra mim, com toda aquela coleção de tempos diversos que me fizeram tão bem. Nesse momento lembrei-me dos meus pais que tanto cantaram pra mim e que me fizeram feliz em muitos momentos. Viagens supremas e vigorantes de um menino ouvindo o que não reconhecia, mas gostava. Músicas que voltaram agora nessa jornada louca do "baixar" no computador. Nem acho que seja "baixar", mas sim "LEVANTAR" a música. Deviam mudar esse título, essa nomenclatura. Música não se baixa, se levanta !!!

Foram muitas músicas "levantadas" para o computador. Muitas. Mais de 800. Uma loucura maravilhosa que me fez mais FELIZ e dar boas gargalhadas. Como pode um simples gesto deixar uma pessoa tão feliz ? Queria aqui descrever todas as músicas que irrigaram meus olhos e deixaram meus braços mais vivos com o arrepio da alma. Queria deixar aqui todos os poetas e cantores que nesse "levante" artístico, levaram meu coração para diversos caminhos e portos conhecidos e desconhecidos. Músicas e letras que ouvidas agora, se tornaram diferentes e revigoraram meu coração, jogando minha sensibilidade para o hoje e para o amanhã. Ahhhh, e como precisamos disso para nos inspirar e para inspirar os outros...Como deixamos para trás as músicas que nos inspiraram e adotamos as novas, o novo. Muito bom ter o novo. Essencial despertar o que está guardado. Isso mesmo, guardado lá na prateleira, na caixa velha, na gaveta, no armário.

A experiência de ouvir o que não era mais ouvido foi INCRÍVEL e me empoderou novamente, como se fosse uma dose bem forte do amor da avó, da rua que nasci, dos amigos de infância e do primeiro dia de escola e do primeiro beijo. Sim, um resgate da arte que está guardada. E arte não pode ficar guardada. Arte tem que ser vista, sentida, vivida.
Queria sim compartilhar as mais de 800 músicas, mas deixo para cada um resgatar as suas mais de 800 lembranças, amores, vitórias e canções.

E viva a tecnologia que "levantou" o meu passado pra me jogar num novo futuro.

terça-feira, 10 de agosto de 2010

A Dança que Inspira

E de repente vem uma vitalidade que não sabemos bem de onde vem !!! Óbvio ? Não; nada é óbvio. No fim de semana passado experimentei mais uma vez o tal do "flow" quando nos sentimos plenos em realizar algo que realmente nos satisfaz, nos preenche, nos acolhe. Mais do que isso, nos joga para o VAZIO que está CHEIO de incertezas e coisas boas. As coisas que a criança sente quando se joga nos braços do pai e CONFIA que ele vai pegá-la.

No fim de semana passada reencontrei minha turma querida de faculdade. E lá se vão mais de 25 anos...Antes meninos e meninas. Agora meninos e meninas. Alguns mais do que os outros, mas AINDA crianças descobrindo e se jogando. Nos vimos, nos abraçamos, falamos e DANÇAMOS; muito. Dançamos muito. E com isso levamos a nossa alegria e o nosso "vazio" para os nossos corações, para as nossas almas. Por isso dizem que dançar é "lavar a alma". Tá certo. É isso mesmo. Lavar a alma. Com uma boa dose de liberdade, quebra de dógmas, sem freios, com arrojo e liderança. Sim liderança. Quando entramos nesse "flow" de liberdade e ação do prazer, efetivamente exercitamos a nossa capacidade de liderarmos as nossas VIDAS. O caminho da liderança é a INSPIRAÇÃO; e quando estamos em "flow" nos tornamos seres inspirados que inspiram.

Dançamos muito. Vi meus amigos dançando, se libertando, inspirando-se e sendo inspirados. Cada um no seu tempo. Sim, o flow e a liderança precisa do seu próprio tempo. E um velho amigo sempre diz que "o tempo dá ao tempo, o tempo que o tempo tem". Parece uma frase doida, mas é para ser mesmo. Dizem que o "flow" tem um pouco de loucura e deve ter mesmo. Viva os LOUCOS !!!
Outra coisa ligada e sintetizada no processo ou no caminho do "flow" que nos alegra é o APRENDIZADO. Para existir o caminho do aprendizado é preciso se SOLTAR. Nós vivemos contraídos, presos, contidos. Mas para aprender, absorver, encher o "vazio" é preciso se soltar. Largar as amarras, abandonar os paradigmas, conceitos. Soltar é condição para EVOLUIR, deixando crenças e velhos modelos de lado. Tarefa não muito difícil, mas possível. Bem possível.

As músicas rolavam (literalmente porque tem esse sentido), e nós também rolávamos envoltos na alma junto com o corpo. Ou com a alma fora do corpo. Que maravilha. Vimos e sentimos performances incríveis de pessoas que resolveram naquele momento acionarem a sua criança interior. Criança é muito vazia para ficar cheia. E quando fica "cheia" fica "chata". As vezes somos muito chatos...Dizemos que sabemos tudo e que já aprendemos muito. Coisa triste pensar que aprender pode ser MUITO. Nunca é muito, porque o ato de aprender e se soltar, tem relação direta com o tal vazio.

E tivemos (lá na festa-adoro festa) os amigos que dançaram sem dançar. Que riam e se divertiam conosco. "Dançando" conosco. Com aqueles que estavam na pista de dança improvisada. E tem coisa melhor do que pista de dança improvisada ? Tem. Aproveitar a pista, tendo certeza de que está na maior e melhor pista de dança do mundo. Os amigos que riam estavam sendo impactados pela nossa música, pelo som do nosso corpo. Sim, é outra notícia importante: quando dançamos nosso corpo se torna SONORO. E esse "som" retratado nos movimentos, nas caras, nas bocas, nos olhares, têm a força da inspiração e da liberdade.

Então que todos os Deuses se orgulhem dos que dançam e se libertam. Hoje me sinto melhor, bem melhor.
Agradecidíssimo amigos queridos que me inspiraram a entrar novamente no meu "flow".
Salve a LIBERDADE, o MOVIMENTO e a INSPIRAÇÃO !!!

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Ahhhhh MEU Rio...

Ahhhhh esse meu Rio que eu tanto amo e que se perdeu. Uma cidade que deve se achar com um povo que tem tudo para entrar no rumo certo. Refiro-me ao caminho do respeito, da cidadania, do bom servir e da troca justa.
O episódio do Rafael, filho da Cissa Guimarães nos remete a uma série de padrões de desrespeito que vem se repetindo no Rio. Sim, acontece em outras cidades, mas por que mais no Rio ? Por que essa "coisa" da "invasão" e da permissividade acontece tanto na MINHA cidade ? Não vou ficar aqui explicando sociologicamente ou politicamente isso. Deixo essas análises (importantes) para os que lerem esse post.

Tudo errado. Sim, na fatalidade inesperada do Rafael era tudo meio que inesperado e esperado ao mesmo tempo. Túnel fechado, tarde da noite, skate, pegas, meninos...Parece uma combinação dramática, mas torna-se explosiva por ter sido vivida no "palco" do Rio. Falava nesse fim de semana (no Rio) para o meu filho que "no meu tempo não era assim". Frase muito antiga, mas que soa como uma verdade. Fiquei tentando lembrar de fatos como o que aconteceu com o Rafael, e não vi nas minhas lembranças algo tão assustadoramente covarde. A covardia de quem desrespeita, de quem não socorre, de quem invade, de quem suborna, de quem é subornado, de quem protege e não cuida, de quem mata e não é preso por isso.

Foi uma série de fatos absolutamente inacreditáveis de "invasão" e desrespeito ao OUTRO. E de repente lembro-me do MEU Rio lindo, amável, alegre, contagiante, solidário, enebriante. Lembro-me do MEU Rio dos passeios ao sol e da praia comunitária e amiga dos finais de semana. Lembro-me de tanta coisa e meu coração aperta ao ver o MEU Rio padecer pelo desapego à VIDA. Um Rio que sempre teve a VIDA como sua fonte de inspiração e canal de troca. Um Rio que é vida pura em todas as suas montanhas e suas praias.
Esse desreipeito, essa invasão são para mim, uma doença que precisa ser curada no MEU Rio que sempre foi saudável, menino, moleque, travesso e carinhoso.
O Rio meio que "sem lei" que estamos vendo não era o Rio de antes, pois tínhamos a lei da convivência entre todos nós. Todos recebiam e davam ajuda. Um Rio solidário de passeatas pela paz, pelo amor, pelas Diretas, pela igualdade, pelo Rio, pelas mulheres, crianças, velhos. Um Rio sem celebridades e com anônimos e poetas que não invadiam túneis nem pagavam para não serem presos. Um Rio de anarquistas soltos, mas com a voz de quem tem a indignação viva e atuante em cada gesto que pudesse usurpar no NOSSO direito de ser FELIZ.

A dor da Cissa Guimarães é a dor daqueles que perderam um pedaço de si. Que não tem volta. Que não dá pra botar no lugar. Essa dor retrata um Rio como mãe assustada vendo seus filhos serem tirados de si. Uma mãe Rio que perdeu o controle de sua cria, que não consegue conter o inimigo e que se mostra fraca e frágil diante da maldade e da intolerância à VIDA. O Rio chora seus filhos perdidos. Nós cariocas choramos nossa cidade "invadida". Sim, invadida pela irresponsabilidade e pelo desamor. Invadida pelo medo e pelo desrespeito. Por que estão permitindo isso ? Por que ?
A MINHA cidade não é assim. Nunca foi. A minha cidade é LIVRE, sempre foi.
Hoje, depois de um fim de semana no Rio, sinto-me triste mas ao mesmo tempo com esperança de que o carioca acorde e volte aos braços de sua mãe Rio, protestando, gritando, falando, se colocando. Se podemos fazer o MAIOR espetáculo da terra, podemos TUDO. Podemos mesmo. E aí, o MEU Rio não terá mais túneis invadidos, filhinhos de papai e papais corruptos e assassinos, não terá mais meninos andando de skate em túneis, mas em lindas e gigantescas pistas de skate. Esse MEU Rio não terá mais o desrespeito e a conformação, a complacência dos que não têm mais esperança.
O Meu Rio PODE virar esse jogo. Ahhhhhh se pode...

Esse é o meu desejo, a minha esperança. De ver a VIDA iluminar os túneis escuros do MEU Rio. De ver os cariocas voltarem para o seu verdadeiro SENTIR e potencializar sua força e sua ação. De se unirem e de cuidarem de sua mãe-pátria chamada Rio, de Janeiro e de todos os meses do ano. Rio Alegre, assim, como sua irmã a Porto Alegre ou a do Belo Horizonte ou até mesmo aquela que Salva-dor. O Rio que domina o ano com seu calendário festivo e contagiante, assim como aquela sua irmã que tem nome de Santo e que é a vizinha mais próxima. Aquela onde vivo hoje, a São Paulo que de santa ou de santo só tem o nome, mas que carrega o progresso nas suas veias, assim como o MEU Rio que carrega a VIDA em sua alma e no seu coração.

O meu AMOR pelo MEU Rio.
A minha luz por dias e cariocas melhores.

segunda-feira, 5 de julho de 2010

O Fracasso do EGO

Fracassar é preciso. Viver também é preciso.
Algumas pessoas aprendem e outras se revoltam. O fracasso serve para nos ensinar e para nos mostrar um novo caminho. Quem nunca fracassou na vida ? Trata-se de uma boa experiência...
O grande desafio é quando o EGO fracassa. Quando de forma retumbante a prepotência e a arrogância dão lugar ao recolhimento e à frustração. Falo isso me referindo ao exemplo do Dunga, técnico da Seleção Brasileira de futebol. O Ego bem centrado e feito para os que criticam, para os que julgam, para o sim ou o não, para dizer o que é certo ou errado. O Ego bem concreto, feito e consolidado para o que não dá espaço para o contexto, para o que é relativo. O Ego que de sua posição única e onipresente, não é capaz de ouvir ou sequer deixar o outro "falar", se expressar. É desse EGO que falo e me refiro lembrando claramente de todas, ou quase todas, as colocações do Sr.Dunga frente a 190 milhões de pessoas. O Ego e a posição de quem desagrega e que deixa um time, uma equipe dar lugar ao que definitivamente pode acabar com ele mesmo (o EGO) ou torná-lo sublime: A EMOÇÃO. Essa armadilha maravilhosa que tanto nos alimenta e nos afasta de nós mesmos e dos outros, pode sim acabar com a festa.

O Ego aqui falado, deu espaço para a emoção que pode sucumbir com um objetivo digno e maior que é o de vencer pela competência e merecimento. Dunga com seu estilo de liderança, nos ensinou como não fazer. Como não liderar uma equipe, como não deixar que o Ego nos invada e dê com isso, lugar ao que chamamos de armadilha do contexto. O que está ao "redor", o que está no contexto é a disciplina que nos faz OUVIR, ponderar e moderar para então tomar uma atitude. Exemplos como os que vimos de agressão e xingamentos, são o puro exercício e prática de como não devemos agir. E esse exemplo veio do esporte, com toda sua aura de VIDA, PRAZER e SAÚDE.
Faltou moderação, justiça, coragem e acima de tudo habilidade em responder, ou seja, RESPONSABILIDADE. E diante do fato consumado - a derrota - não se ouve um pedido de desculpas, um lamento por todos, um ERREI. O que vimos em campo no jogo do Brasil X Holanda foi um exercício da desorganização que um EGO descontrolado pode causar. Como ele, o Ego, é bem limitado, não consegue ver o todo, o que está em volta e acaba se perdendo nele mesmo e em suas formas diversas de auto-bajulação.

E então isso é apenas um passo para gritos (Robinho), agressões (Felipe Melo) e socos na cobertura do banco de reservas (Dunga). É a RAIVA dando lugar a beleza do futebol. Dando lugar ao que de bom nos cabe na hora de assistir a uma bela partida de Copa do Mundo: a ALEGRIA e o COMPROMETIMENTO.
E então, diante da prepotência e da arrogância, vemos um exemplo chamado Julio Cesar, que diante das câmeras, com as lágrimas sem controle, pede desculpas e diz que não conseguiu, que fracassou. Um exemplo a ser seguido. E num rompante de imagem na chegada ao Brasil, esse mesmo Julio Cesar, já dentro do carro se abraça a mãe e chora muito como o menino que perdeu, que fracassou e que precisa ser acolhido.
Pois nós, brasileiros, somos essa "mãe" que poderia ter recebido o seu "filho" de braços abertos para lhe dizer que valeu o fracasso porque aprendemos com ele. Mas, no lugar desse filho que se "desmonta", temos a impáfia dos que não sabem sequer o que foram fazer por lá.

E aí vem a imagem dos craques que jogavam pelo simples e absoluto prazer de jogar, de fazer o melhor, de se alegrar e alegrar uma nação, de cumprir de forma digna e clara com o seu propósito de vida. Propósito esse que não tem a ver com os salários milionários nem com os contratos irreais, nem com a imagem de quem mais aparece.
Desses craques eu tenho saudades. Dessa ALMA que ocupava o lugar do EGO, eu sinto muita falta. Dá até um aperto no coração. Um aperto da alma mesmo, que esmaga o ego e que o coloca no seu verdadeiro lugar. O lugar LIMITADO, dominado e que por vezes merece sim, de um belo e inesquecível fracasso.
Que posssamos SEMPRE nos lembrar que o EGO pode e der ser derrotado.

domingo, 27 de junho de 2010

People-Toy Story

Para quem AINDA não viu, sugiro que vá correndo ver Toy Story 3.
Além da produção e efeitos maravilhosos - já esperados - temos um conjunto de lições e emoções que refletem o nosso cotidiano e a nossa vida.
Você ri, chora, se assusta com as inesperadas e empolgantes cenas, se surpreende com a delicadeza e com a sutileza do sentir e das ações. Uma aula de comportamento humano. De valores que estamos esquecendo e deixando de lado, assim como se fosse uma "coisa" menos importante. Isso tudo entendendo esse contexto de hoje em que tudo, ou quase tudo é descartável, dispensável, "trocável".

Toy Story cuida disso muito bem. E esse "isso" é a LEALDADE. Palavra e valor que estamos deixando pra trás sem sentir, sem nos dar conta.
A luta daqueles "seres-brinquedos" por estarem juntos, por acreditarem, por saberem que não podiam simplesmente abandonar, é realmente impressionante. Uma saga que precisávamos viver um dia...
O filme nos mostra o outro lado de tudo e até de uma Organização, de uma família, de um lugar. Com o lado "bom" e o "mau", os personagens se dividem e nos inspiram a pensar e refletir de que lado estamos, com que tipo de "líder" queremos ficar e consentir. Sim, con-sentir. Se ficamos, se permitimos é porque sentimos que devemos, mas infelizmente não refletimos, não pensamos, não nos colocamos verdadeiramente à prova. E o pior, não tomamos uma decisão de lutar.
A sensação que tive no filme, foi a de que estamos cada vez mais subjulgados ao "lugar", à empresa, à coisa que nos prende - ou supostamente prende - a um modelo que não é o nosso. Mas, ficamos. Por várias razões, é claro. Mas ficamos.
Pois eles - os "seres brinquedos" NÃO FICAM. Dá vontade de contar o filme, mas quero muito inspirá-los a assistir com um olhar de experiência vivida ou possivelmente vivida e com a delicadeza e a humildade dos que querem aprender.

Ver a doação exercida plenamente em conjunto com a consciência e o dever a si mesmo e ao outro é mais um exemplo retumbante do filme. Uma linda história de escolhas curtidas e vividas na plenitude e na sabedoria dos que querem um alvo, dos que realmente cumprem com o seu propósito de VIDA. E sabem qual o propósito desses seres brinquedos? O de servirem para brincar e ainda, o de permanecerem JUNTOS e unidos.

Toy Story tem muitos outros exemplos e lições, mas é melhor deixar para cada um ver e levar para o exercício da vida.
Dedicação, luta, coragem e lealdade são a marca do filme. Tudo e mais um pouco com muito humor e emoção. Com muita verdade e sensibilidade.
Que bom as crianças estarem sendo "tocadas" por isso. Melhor ainda que seus pais também estejam e que com isso, possam ajudar na criação de "seres humanos" melhores.
Hoje, só por hoje, os "seres brinquedos" de Toy Story estão ganhando.
BRAVO aos resgastes do Sr.Disney !!! Ele deve estar muito feliz...

terça-feira, 22 de junho de 2010

Feliz Conectado

Ontem pude ter uma noção bastante PODEROSA desse maravilhoso novo mundo virtual. Dezenas de pessoas mandando mensagens pelo facebook, linkedin, Orkut. Mais outras dezenas mandando emails e outras telefonando, falando comigo e deixando mensagens. E ai lembrei do antigo telegrama fonado. Olhem o nome ??? FONADO. É muito feio...né? Hoje acho feio, mas já me serviu bastante....já nos serviu bastante. Pelo menos para aqueles que são dessa época. Será que ele AINDA existe. Imagine que você ligava para um número de telefone e DITAVA a sua mensagem para o destinatário. Falava com alguém que te ouvia e esse alguém escrevia a sua mensagem, mas de certa forma, participava dela. Lembro de uma vez que mandei uma mensagem para uma amiga querida e estava inspirado com um texto emocional, cheio de esperança, força, etc....Quando terminei a mocinha do outro lado me disse: “puxa vida, que lindo. Tenho certeza que sua amiga vai chorar, porque eu já to chorando...”. Maravilhoso mundo da troca de cartas e das falas ouvidas e escritas.
Nada diferente pois, do mundo de “hoje”, quando “ouço” e me emociono vendo, lendo, sentindo a mensagem de todos, lá publicadas. Isso mesmo PUBLICA-DAS. Ou seja, a diferença retumbante para as cartas e telegramas fonados, é que o desejo e os sentimentos se tornaram públicos. Assim, como se fosse uma serenata. Aquela da música a beira do balcão, na calçada pra mulher amada. Pois ontem me senti assim. AMADO por todos os amigos que carinhosamente fizeram lindas “serenatas” para mim. Eu podia até ouvir a voz de todos e sem dúvida nenhuma pude sentir uma imensa alegria no meu coração.
Pude constatar também e confirmar que o “fluxo” da minha vida é também dar e receber amor e amizade. Me relacionar, travar relações, conectar-me e fazer as conexões. Isso é como a música para mim. Uma paixão. Minha verdadeira paixão. Não a música em si, mas o que ela me traz, o que ela e as relações legais fazem na minha vida, me tornando uma pessoa melhor. Buscando cada vez mais o acerto, o bem e a vontade de viver e entregar meu Propósito de Vida e cumprir com o meu chamado, minha vocação.

Ontem e ainda hoje, pude sentir o abraço carinhoso de todos no feliz exercício da conexão. E quando falo de conexões, falo de todas elas. Do telegrama fonado, cartões postais, cartas até o facebook, linkedin e Orkut. Receber uma mensagem da Manu, minha sobrinha de coração no Orkut, como se estivesse falando comigo (e para ela, estava mesmo), é no mínimo um prazer de saber que estou VIVO de “despierto” (como diz a minha amada mulher) para a VIDA. Ouvir a voz doce e meiga da minha afilhada Carol me dando "parabéns tio Nélio", me emocionam da mesma forma. Uma delícia!!!
Pois então vamos nos conectar sempre, valorizar todas as maneiras de posts e vozes. Tudo vale quando a intenção é boa, é do bem.

Agradeço a todos com meu coração conectado no AMOR, na LUZ e na ALEGRIA de saber que estamos VIVOS e prestando atenção a tudo o que nos cerca. Uma maravilha dessa nova era. Uma benção para os que estão distantes e podem estar "próximos". Mas, isso tudo não invalida ou melhor não nos separa do ABRAÇO real e caloroso. Pouco a pouco vamos nos abraçando na vida. No tempo certo, mas sem esquecer que quando nos abraçamos “de verdade”, estamos confirmando e completando nossas conexões, digamos assim, virtuais. Portanto, vamos aproveitar mais os nossos abraços e demorar bastante neles. Adoro abraçar...

Bravo aos “nerds” maravilhosos que inventaram tudo isso!
Abraços aos que aderem a esse mundo incrível que aproxima as pessoas!
Coragem, para aqueles que ainda não aderiram aos telegramas e cartas virtuais que passam a MESMA mensagem do coração para os dedos e para o mundo sem volta.
Dá no mesmo...Na corrente da conexão do AMOR.
Valeu :) :) :)

quarta-feira, 9 de junho de 2010

A Arte Imoral. Alma e Sagração.

Nesse fim de semana tive uma experiência duplamente IMORAl, transgressora, ao avesso, deformadamente maravilhosa. Ao contrário mesmo. Do jeito que muitas vezes devemos nos ver e nos sentir.

Fui ouvir e navegar nas cordas e acordes magicamente escandalosos de Stravinsky e a SUA, e por que não dizer NOSSA, Sagração da Primavera. E já partindo para a outra experiência que rompe com o que achamos CERTO; fui ver, sentir e lembrar para sempre de A Alma Imoral de Nilton Bonder com a surpreendente Clarisse Niskier.

O que as duas "coisas" têm em comum ? Exatamente o que coloquei logo acima: o avesso. Tudo aquilo que achamos que conhecemos muito e dominamos de forma quase que irretocável, mas que de repente cai por terra, como uma avalanche nova e reconfortante de nos colocar como seres AINDA em processo de crescimento e por que não dizer de ignorância.
Imaginem um título como "A Sagração da Primavera". Lindo não é mesmo ? Algo como pássaros leves, flores coloridas, borboletas lançadas ao vento, campos perfumados e para completar, umas camponesas ou até fadas por entre lindas árvores com frutos. Pois essa imagem é só uma imagem. Algo que nossa mente faz e constrói com aquilo que por muitas vezes queremos que seja. Há exatamente 97 anos atrás, esse senhor Stravinsky chocou o público nobre parisiense com a tal Sagração, que de acordes doces e leves, como as lindas e padronizadas imagens descritas acima, não tinha absolutamente nada.
O texto abaixo, fala um pouco do que ocorreu naquela noite e ele por si só representa a "imoralidade" insuperável do "louco" Stravinsky:

"O auditório ficou em silêncio durante dois minutos, depois, de repente, vaias e assobios desceram das galerias, acompanhadas logo em seguida pelas ordens inferiores. Houve espectadores que começaram a discutir e a atirar-se, uns aos outros, tudo o que tinham à mão. Em breve esta cólera se dirigiu contra os dançarinos e depois, ainda com mais violência, contra a orquestra, que era a verdadeira responsável por esta crise musical. As coisas mais variadas foram-nos arremessadas; apesar de tudo, continuamos a tocar..."

LINDO! RETUMBANTE grito de clamor ao que pode ser visto e sentido de forma diferente. Foi assim que me senti quando tive o privilégio de estar na Sala São Paulo ouvindo o "cataclisma sonoro" de Stravinsky. E para dar mais ênfase, lindamente interpretado (o tal "cataclisma") pela NOSSA (essa sim é nossa mesmo) OESP, que me surpreende cada vez que tenho o privilégio de ouví-las com seus músicos de primeira linha, que não devem nada aos músicos lá de fora. Uma orquestra que entendendo e sentindo a força e a mensagem do compositor, parava estática e brilhantemente a cada forte acorde. Um silêncio imoral, desconhecido por muitos.
E o que Stravinsky quis dizer com a sua Primavera incandescente ? Isso mesmo. O incêndio daquilo que consideramos estabelecido ou que nos foi "ensinado" como certo. Como moral. Sair desse conforto do conhecimento conhecido é privilégio para poucos. Mas é exatamente nessa saída, nesse rompante de descoberta e desapego, que conseguimos crescer verdadeiramente. Que conseguimos entender o "outro" e nos distanciar, mesmo que por alguns instantes, do nosso lado crítico egóico.

Nesse mesmo "tom" da alma, vem Clarisse e Nilton (sim porque já são íntimos meus, porque tocaram o meu coração), com a SUA e por que não dizer a NOSSA Alma Imoral. Um texto brilhante e claro na sua confusão delirantemente avassaladora e esclarecedora, que nos faz recriar, repensar, resentir (no bom sentido), reavaliar, refazer. Tudo junto mesmo.
Lidar com a filosofia do estabelecido. Enxergar o certo e o errado em uma das formas mais simples que já vi na vida. Entender ou pelo menos saber sobre a obediência e a desobediência. E o mais impactante: entrar nas vísceras das fidelidades e das traições. Conhecer as razões e o funcionamento do traidor e o traído. Enxergar sem medo o justo e o injusto, a marginalidade e a santidade. Saber um pouco mais da alma e do corpo.
Essa imoralidade do saber e do mexer com o que está estabelecido e quieto (palavra que ouvimos muito quando crianças), foi e é sem dúvida, o combustível para sermos seres melhores, ou pelo menos para aprendermos a pensarmos, sentirmos e agirmos de forma diferente.
Assim mesmo, sagrando-nos imoralmente e corajosamente incorretos.

sábado, 29 de maio de 2010

Um prazer que volta. O melhor que faz bem.

Tive um período de muitas atividades. Muitas mesmo. Muito bom período por sinal. Nem vou justificar porque não escrevo há tanto tempo, mas foi por um bom motivo. Minha inspiração e foco foi para as palestras, os workshops e os projetos com as empresas, além é claro, das pessoas que atendo. Lindas e mágicas pessoas...

Dentro desse tema de tantas coisas pra fazer, voltei a entrar em mais um fluxo que me leva pra lugares imaginários e reais maravilhosos. Um fluxo que havia deixado de lado já há algum tempo. Uma pena...Mas que bom que voltou. Que bom que me dei conta e que pude acioná-lo, e ele - o fluxo - o vigor, a vontade RESPONDEU. Isso mesmo. Quando a gente aciona o que nos faz entrar no fluxo, na vibração, naquilo que é melhor pra nós, que nos satisfaz PLENAMENTE, podem acreditar: temos resposta!
Pois bem, voltei a ouvir, falar, escutar e sentir a França dentro do meu coração. Coloquei Piaf de volta no meu dia-a-dia e ela, a Piaf e todos os seus amigos, me receberam muito bem. Uma delícia. Uma memória linda de dias de luz e de amor. De emoção, de prazer e de alegria.
Reconectar-se ao que nos faz BEM, é uma obrigação. Não podemos nos permitir nos afastar do nosso melhor e do que nos faz seres melhores. Esse melhor só acontece quando acionamos o real sentido de estarmos aqui, nesse planeta, nesse lugar que nos distrai, que nos afasta do básico, mas que por outro lado e exatamente por isso, nos PROVOCA a não sucumbirmos. Então, depois de algum tempo, que eu nem sei bem quanto e isso é bom, coloquei a França e tudo que ela representa pra mim, de volta nos meus sentidos, nas minhas ações, na minha boca, nos meus ouvidos, nos meus braços e é claro, no meu coração, de onde nunca saiu e nunca sairá.

Esse post de hoje é pra dizer que estou FELIZ. Muito feliz, porque o que falo para as pessoas eu realmente fiz. Se falo, se penso, se sinto.. é bom que eu faça, que realize e não deixe só na palavra. Trazer para a ação faz parte do acionamento da alma, da conexão com o seu verdadeiro e maravilhoso EU. Todos temos. Todos podemos. Todos conseguimos. Agora, enquanto escrevo, tenho a compania de muitos artistas franceses ao meu redor, cantando pra mim e me fazendo um homem melhor, simplesmente pelo privilégio de poder (e todos nós podemos) acionar o que me faz BEM, o que me leva para o fluxo da verdadeira VIDA.
Bravo! Vive la France! À bientôt!

sábado, 6 de março de 2010

Inspiração e Conquista

Para quem ainda não viu, vale a pena ver e mergulhar na luz e sutilidades do filme INVICTUS. Uma breve passagem pela vida de Nelson Mandela e seu povo da África do Sul, com sua alma e seu coração. Invictus é mais que um simples filme. Ele vai além dos famosos e algumas vezes ineficazes treinamentos e seminários de "como ser um líder" ou "como gerenciar seu time" ou "como alcançar metas". É uma verdadeira aula de como podemos atingir um objetivo de forma planejada e usando a sensibilidade e a intuição. Mandela nos ensina que por muitas vezes o óbvio pode atrapalhar e criar situações que não tocam o verdadeiro centro da questão. Ele, Mandela, caminha no paralelo do resgate do orgulho do seu povo. Mais do que isso, com a estratégia encontrada através de sua inigualável sensibilidade, mobiliza todos em torno de um objetivo, motiva os que não querem ser motivados, convence os céticos, alegra os que fazem tudo da mesma forma que sempre dá certo e amplia o poder de ação daqueles que querem fazer e realizar.
Num dado momento ele diz que um feito, uma realização precisa ser grande, mas que deve sair de algo simples, forte e acima de tudo que parta da emoção, do orgulho de depertencer e da esperança de ganhar, de ser vitorioso.

A vitória alcançada vem da força do time e do brilhantismo do líder (técnico) e do inspirador. Sim, mais do que líder, Mandela se mostra um grande inspirador de pessoas e de ideais. Ele inclusive fala disso o tempo todo. "Inspire-se" ele diz com a voz doce e olhar firme daqueles que sabem no coração, o que estão dizendo.
O mundo e as corporações carecem dos inspiradores. Dos que não fazem somente reuniões e comitês para cobrar do seu time e verificar planilhas de metas, KPI's e scorecards. As Organizações carecem desses homens e mulheres que com a habilidade de inspirar pessoas, movem um time, uma corporação e até mesmo um país para a conquista de um objetivo, de um ideal. E sabem o que acontece com o famoso e enebriante EGO ? Ele simplesmente fica de lado. Isso porque TODOS realizam, todos participam, sabendo que um cara foi líder e um outro cara foi inspirador.
Afinal, de quem foi a idéia ? Quem seria o autor ? Quem fez ? Quem foi o "dono" da vitória ? Neste caso o que existe é uma parceria verdadeira. Não aquela parceria tão batida e já insuportável de se ouvir onde todos dizem que praticam e cobram dos outros que façam. Falo da parceria onde cada um tem o seu papel com respeito mútuo, sem julgamentos e onde todos têm os louros da vitória, pedaço por pedaço participando no verdadeiro conjunto. No caso de Invictus, o inspirador, o líder, o time e o país têm esse legado. Conseguiram chegar lá, todos juntos porque entenderam a inspiração e deixaram fluir a sua própria, tornando assim possível o plano, as ações e a conquista.

O filme e o caso real são uma maneira muito simples e direta de dizer: Saiam do seu mental e busquem no seu sentir a inspiração para aquilo que te faz verdadeiramente vitorioso. Engajar um time e um país é tarefa para poucos, mas todos podemos tentar, todos podemos fazer, começar e realizar. Podemos começar pelas coisas simples da vida. Pelas relações que estão tão perto de nós.
Pois então vamos inspirar nossos filhos, pais, esposas, maridos, amigos, colegas de trabalho. Vamos nos voltar para a nossa verdade interior e acionar aquilo que nos inspira para que com isso, possamos no exercício da prática, inspirar as pessoas por ideias que são bem maiores do que aquilo que é óbvio. Afinal, o que é o óbvio se não um grande e amargo aliado do EGO ? Se EU acho óbvio é porque tenho a pretensão de não considerar o outro. Um lamentável engano daqueles que AINDA não se encontraram com a sua INSPIRação.

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Carnaval, Corporação e Gente

Esse carnaval foi cheio de surpresas. Estive lá na Sapucaí por mais um ano. Adoro o movimento da avenida, o clima de euforia, de alegria e nervosismo. Tem de tudo. É uma grande escola do comportamento humano, daquilo que não se espera e de tudo que podemos fazer por um momento de fama. Gosto mesmo é de ficar de cara pra avenida, ali bem do ladinho dos que passam querendo ver e ser vistos. Querendo o seu momento de glória e êxtase, na busca da alegria, do prazer e da fantasia. Literalmente se fantasiam de tudo, de qualquer coisa e vão na corrente dos que nem sabem como vai acabar, mas na esperança de que vai acabar bem. É o imprevisto mais previsível do mundo. Todos sabem que vai dar certo, mas ninguém sabe como dá certo. É uma engrenagem que até os maiores especialistas em shows internacionais não sabem como aquilo pode acontecer de maneira tão sincronizada e harmônica. Virou Broadway? Virou. Tem pirotecnia? Tem. É show de tudo? É. Tem mágica, inclusive? Tem. Mas no meio disso tudo tem a baiana se esforçando pra sobreviver, tem a velha guarda levando o coração na mão, tem as passistas (antigas cabrochas) mandando no pé (coisa rara...), tem porta bandeira e mestre sala que fazem o seu trabalho com orgulho e sem se preocupar com as fotos e câmeras, tem as crianças lá do morro que cantam alto e levam a escola no grito, também tem a comunidade que salva os turistas estrangeiros que não sabem nem o nome da escola, mas estão lá no meio disso tudo.
É pois, uma empresa diversa. Uma corporação com todos os seus tipos de gente. Com seus departamentos, seus chefes, sua hierarquia. Tem os da velha guarda e tem os que estão entrando. Os trainnees. Isso mesmo, um exemplo de corporação que se organiza o ano inteiro para colocar o "produto" na rua, para lançar o seu projeto e torná-lo realidade em 90 minutos. E sabem o que acontece ? Eles conseguem. E por que conseguem ? Mesmo com os imprevistos, eles lançam o produto e cumprem com o objetivo. Mas por que conseguem ? Conseguem porque todos são respeitados. Todos no seu lugar fazendo o seu melhor (incluindo o turista acidental) e a artista que quer aparecer. Tem a harmonia da escola que "controla", verifica, toma conta, fica alerta. É uma organização completa. Perdendo ou não, ela sai do papel e vai para a prática. Muita ação e pouca reunião.

Mas isso tudo tem paixão, tem alma e descontração, apesar da tensão natural de quem está lançando um produto. Também tem método, processo, planejamento. Mas sobretudo tem (ainda na maioria) o desejo COLETIVO da vitória. Não é a minha ou a sua. É a nossa vitória. E isso faz toda a diferença. E não tem o "não me toques" da corporação "normal". Se não estiver cantando o samba e não estiver dançando, alguém grita: "Canta porra!!!" E sabe o que acontece ? Eles cantam. Entendem e fazem. Partem para a ação porque o que está ali é a alma e não o ego. A alma não é crítica. Ela vê e sente o que deve ser feito pelo todo e faz. Já o ego...

Vi cenas incríveis nesse desfile. Como em todos os anos, mas neste em especial o meu olhar foi diferente, observando o quanto devemos ser mais alma e menos ego. No caso da porta bandeira, ela empresta o seu ego para o pavilhão da escola (empresa) e dança com ela (empresa) na mão, suave, linda, alegre, reverenciando a sua "marca" do coração. E por vários momentos, na frente do público e dos jurados, ela (porta bandeira) e ele (mestre sala), beijam a sua "empresa", a sua "marca". Uma aula de Marketing, de Gente e de Amor.
E na toada do samba, cada ala fica no seu lugar dando o melhor de si, sem que uma invada a outra, mas com todas dançando e cantando e fazendo o seu trabalho no mesmo ritmo e por um único propósito: a alegria e a vitória.

Acho que os líderes das empresas "normais" precisam ir mais pra Sapucaí com um outro olhar, que não o da bebedeira e o da diversão.
Bom pós carnaval pra todos.

domingo, 31 de janeiro de 2010

O FLOW

E então ? O que te inspira ? O que faz você realmente feliz ?
Quando vejo as pessoas mecanicamente fazerem coisas, lembro-me dos artistas que seguem seu propósito de vida e se expandem para o mundo. Piaf, Elis, Roberto, Callas, Dalva, Da Vinci, Picasso e tantos outros.
Vi o filme Hanami - Cerejeiras em Flor, com sua delicadeza e propriedade em ressaltar que quando não nos jogamos no que realmente nos faz feliz, morremos. De uma forma ou de outra, morremos. Essa morte pode ser a que conhecemos ou aquela que nos pega no desânimo e na automação do dia-a-dia. Naquilo que fazemos pelos outros ou pela empresa e que nos coloca num lugar perigoso. O Planeta EGO. Para o bem ou para o mal. Para fazer feliz ou triste, esse é um planeta muitoooooo perigoso e falso.

Viver o seu melhor é uma obrigação de todo ser humano. E esse melhor vem exatamente daquilo que te move, que faz você entrar no "flow". Isso mesmo. No fluxo, na free way da luz e da liberdade de sentir intensamente a energia da realização. Muitos experimentam esse flow e uma vez vi um vídeo do Ayrton Senna onde ele fala do tal flow. E ele tenta explicar e consegue dizendo que quando ele entrava num carro de Fórmula 1, naquele pedacinho de lugar, ele não pensava em nada, não queria nada, não lembrava de nada. Vivia apenas o momento presente. Sem referências ou pretensões. Sequer a vontade ou a expectativa (terrível e pretensiosa) de vencer. Ele simplesmente fazia o que fazia de melhor. Simples. Isso mesmo, muito simples. Quando a gente faz o que realmente AMA, tudo fica simples e fácil. E o melhor: sem nenhuma expectativa.
Quando é realmente da alma e não do ego, fazemos bem feito e de repente dizemos: "nossa, fui eu que fiz?". Na verdade não percebemos o nosso melhor, por isso nos assustamos. Que bobagem....que prejuízo a nós mesmos, o desperdício da VIDA. O desprezo ao nosso verdadeiro talento. E tantos e tantos exemplos nós temos e não reconhecemos ou não assumimos para nós mesmos. Por isso o alerta. Temos tempo e chance de colocar esse talento pra fora. Temos sim. É só acionar o "botãozinho" que eu chamo de dispositivo de flow para que essa nova energia flua pelo corpo e pela alma, te dando os verdadeiros sinais de vida e de que vale muito a pena estar aqui.
Boa sorte nesse encontro da alma e nessa despedida maravilhosa do ego.

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Um dia de cada vez

E de repente surge um novo ano, assim em 1 minuto, depois da famosa contagem regresiva. E o que muda ? Nada ou tudo, dependendo da energia e da crença que você coloca nisso. Na verdade, o mais importante é acreditar que com a passagem de ano você pode comer menos, comprar menos coisas, cuidar mais da família, dar mais atenção aos filhos e amigos, fazer academia, trabalhar menos, etc...Como se fosse num passe de mágica essas coisas caem do céu e fazem de você uma "nova" pessoa. Sinto em dizer que não é assim...Esse mudar faz parte de um caminhar. Para mudar é peciso andar, errar, fracassar (todos devem fracassar), entender, avaliar e agir. Por isso leva tempo, e as vezes muito tempo. E esse tempo é preciso, é necessário e faz parte da evolução e da acomodação das coisas. Mas mesmo assim você quer que no dia primeiro do novo ano, você mude. E se não mudar e se não cumprir a tal louca promessa, se frustra e reinicia o processo de sabotagem e penitência. Come mais, compra mais, trabalha mais, engorda mais, dá menos e menos atenção aos que você ama e com isso acaba por se amar menos também. Lamentável engano achar que um minuto, um dia ou até mesmo um ano pode mudar tudo.
Esse é um processo que as vezes ou muitas vezes dura anos, décadas e para os que acreditam; pode durar vidas.
Mas devemos esperar tanto ? A resposta é não. Mas devemos sim, começar com determinação e fazendo bem feito uma coisa de cada vez. Se você pode fazer várias coisas ao mesmo tempo, o perigo é não curtir cada uma delas, é não se deliciar com cada momento de mudança e aprendizado. Esse é o verdadeiro legado para si mesmo, ou seja, a força e a humildade de quem quer se ver, se conhecer e deixar a sua verdadeira essência e propósito de vida brotarem com as mudanças, aprendizados e também permanência do que faz bem para o próprio bem.

Lembrar-se de estar vivo no primeiro minuto do novo ano, tá mais do quem bom. Imagine aquelas pessoas da Ilha Grande e de Angra, que nesse mesmo minuto ou minutos do novo ano, descobriram que o mundo era terra (muita terra), água e falta de ar, falta de vida. E nós, achando que na virada do ano um milagre aconteceria e que o chefe mudaria ou que teríamos mais tempo para todas as coisa que nunca tivemos. Então acredito que basta mesmo saber e agradecer a vida. Saber a vida é poder evoluir com ela. Aprender o passo a passo e criar novas atitudes diante dela e de nós mesmos.
O problema é que quando a tal da mágica da virada do ano não acontece, perdemos a chance de nos planejarmos novamente, por mais um ano e vamos atropelando o nosso dia-a-dia como se fosse uma maneira de nos violentarmos.
A chance de mudança vem da chance que criamos para nos entendermos melhor e mais a cada dia. Como se fosse um mantra que deve ser repetido diariamente com disciplina - que é o ato de estar pleno de si - e o desejo de ser melhor a cada minuto de cada ano, que tem normalmente, 365 novos dias. É uma bela chance de não acreditar em mágica e partir para a crença de que podemos viver um dia de cada vez.