segunda-feira, 26 de julho de 2010

Ahhhhh MEU Rio...

Ahhhhh esse meu Rio que eu tanto amo e que se perdeu. Uma cidade que deve se achar com um povo que tem tudo para entrar no rumo certo. Refiro-me ao caminho do respeito, da cidadania, do bom servir e da troca justa.
O episódio do Rafael, filho da Cissa Guimarães nos remete a uma série de padrões de desrespeito que vem se repetindo no Rio. Sim, acontece em outras cidades, mas por que mais no Rio ? Por que essa "coisa" da "invasão" e da permissividade acontece tanto na MINHA cidade ? Não vou ficar aqui explicando sociologicamente ou politicamente isso. Deixo essas análises (importantes) para os que lerem esse post.

Tudo errado. Sim, na fatalidade inesperada do Rafael era tudo meio que inesperado e esperado ao mesmo tempo. Túnel fechado, tarde da noite, skate, pegas, meninos...Parece uma combinação dramática, mas torna-se explosiva por ter sido vivida no "palco" do Rio. Falava nesse fim de semana (no Rio) para o meu filho que "no meu tempo não era assim". Frase muito antiga, mas que soa como uma verdade. Fiquei tentando lembrar de fatos como o que aconteceu com o Rafael, e não vi nas minhas lembranças algo tão assustadoramente covarde. A covardia de quem desrespeita, de quem não socorre, de quem invade, de quem suborna, de quem é subornado, de quem protege e não cuida, de quem mata e não é preso por isso.

Foi uma série de fatos absolutamente inacreditáveis de "invasão" e desrespeito ao OUTRO. E de repente lembro-me do MEU Rio lindo, amável, alegre, contagiante, solidário, enebriante. Lembro-me do MEU Rio dos passeios ao sol e da praia comunitária e amiga dos finais de semana. Lembro-me de tanta coisa e meu coração aperta ao ver o MEU Rio padecer pelo desapego à VIDA. Um Rio que sempre teve a VIDA como sua fonte de inspiração e canal de troca. Um Rio que é vida pura em todas as suas montanhas e suas praias.
Esse desreipeito, essa invasão são para mim, uma doença que precisa ser curada no MEU Rio que sempre foi saudável, menino, moleque, travesso e carinhoso.
O Rio meio que "sem lei" que estamos vendo não era o Rio de antes, pois tínhamos a lei da convivência entre todos nós. Todos recebiam e davam ajuda. Um Rio solidário de passeatas pela paz, pelo amor, pelas Diretas, pela igualdade, pelo Rio, pelas mulheres, crianças, velhos. Um Rio sem celebridades e com anônimos e poetas que não invadiam túneis nem pagavam para não serem presos. Um Rio de anarquistas soltos, mas com a voz de quem tem a indignação viva e atuante em cada gesto que pudesse usurpar no NOSSO direito de ser FELIZ.

A dor da Cissa Guimarães é a dor daqueles que perderam um pedaço de si. Que não tem volta. Que não dá pra botar no lugar. Essa dor retrata um Rio como mãe assustada vendo seus filhos serem tirados de si. Uma mãe Rio que perdeu o controle de sua cria, que não consegue conter o inimigo e que se mostra fraca e frágil diante da maldade e da intolerância à VIDA. O Rio chora seus filhos perdidos. Nós cariocas choramos nossa cidade "invadida". Sim, invadida pela irresponsabilidade e pelo desamor. Invadida pelo medo e pelo desrespeito. Por que estão permitindo isso ? Por que ?
A MINHA cidade não é assim. Nunca foi. A minha cidade é LIVRE, sempre foi.
Hoje, depois de um fim de semana no Rio, sinto-me triste mas ao mesmo tempo com esperança de que o carioca acorde e volte aos braços de sua mãe Rio, protestando, gritando, falando, se colocando. Se podemos fazer o MAIOR espetáculo da terra, podemos TUDO. Podemos mesmo. E aí, o MEU Rio não terá mais túneis invadidos, filhinhos de papai e papais corruptos e assassinos, não terá mais meninos andando de skate em túneis, mas em lindas e gigantescas pistas de skate. Esse MEU Rio não terá mais o desrespeito e a conformação, a complacência dos que não têm mais esperança.
O Meu Rio PODE virar esse jogo. Ahhhhhh se pode...

Esse é o meu desejo, a minha esperança. De ver a VIDA iluminar os túneis escuros do MEU Rio. De ver os cariocas voltarem para o seu verdadeiro SENTIR e potencializar sua força e sua ação. De se unirem e de cuidarem de sua mãe-pátria chamada Rio, de Janeiro e de todos os meses do ano. Rio Alegre, assim, como sua irmã a Porto Alegre ou a do Belo Horizonte ou até mesmo aquela que Salva-dor. O Rio que domina o ano com seu calendário festivo e contagiante, assim como aquela sua irmã que tem nome de Santo e que é a vizinha mais próxima. Aquela onde vivo hoje, a São Paulo que de santa ou de santo só tem o nome, mas que carrega o progresso nas suas veias, assim como o MEU Rio que carrega a VIDA em sua alma e no seu coração.

O meu AMOR pelo MEU Rio.
A minha luz por dias e cariocas melhores.

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