segunda-feira, 23 de novembro de 2009

De Zumbi a King e Obama


Resolvi mudar um pouco o título da exposição que está no Museu Afro Brasil, por se tratar de uma licença poética em homenagem também a Zumbi dos Palmares.
Fui lá no museu afro no dia 20 de novembro, dia da abertura da exposição, a convite da querida amiga Ligia Ferreira. Mulher forte, culta, doce e linda, que tem o privilégio de descender desse povo maravilhoso que só insiste em ensinar ao mundo a ser melhor. Pude ver e sentir algo como há muito tempo não via ou sentia. Uma mostra "quente". Isso mesmo, senti o calor da Africa em todas as peças, todas as fotos, todas as pessoas e coisas. Muitas coisas. Tudo começa com os vudus africanos, passando pela "entrada" (entre aspas mesmo, porque essa entrada tem vários significados) dos negros ao Brasil, chegando ao casco de um navio negreiro trazido da Bahia, visitando os Orixás, os mitos, os deuses, a arte, passando por Martin Lutter King, Obama, mulheres, homens, velhos, crianças e finalmente sem fim. Sim, a exposição tem gosto de "quero mais" e você sai de lá com muito orgulho de descender, de alguma forma, desse povo lindo e guerreiro.
No dia da abertura, ouvi discursos de pessoas incríveis. Pessoas com muita expressão de verdade (coisa rara hoje em dia...), africanas, americanas, brasileiras. Pessoas da resistência, da arte e da origem. Uma origem que não se cala, que não se acomoda, que não tem medo de dizer que existe. Vi isso lá. Senti isso nos olhos da Ligia e seus amigos do Museu e de todas as instituições que ajudaram na realização da obra.
Numa parte em especial, tem uma homenagem a Olga de Alakêto, Yalorixá bahiana descendente de nação africana e que não teve medo de mostrar ao mundo (sim porque ela correu o mundo) sua raça, seu credo, sua fé e suas roupas e arquétipos maravilhososos. Seu olhar - exposto em fotos - revela a segurança de quem luta e vence, revela a força de quem tem poder e do orgulho de pertencer e falar.
Ter estado lá no Museu Afro foi uma horna. Um dever para nós brasileiros de honrar quem nos honrou e honra com tudo o que significa o verbo honrar. Com tudo o que significa a condição humana de resistir a tudo, inclusive a fome e às diferenças inexplicáveis, de existir de forma digna, real e soberana. Uma maravilha de exposição que contempla além da arte e da força, a suavidade de um povo. A leveza de um Obama e sua família de mulheres "subindo" à Casa Branca. Fotos inesquecíveis, que marcam além dos grilhões e chibatadas, que marcam com justiça e valor a cara de um povo que somos nós. Todos nós humanos, descendentes da "Mãe Africa", com todos os seus sons, cores, formas, deuses e muita luz. AXÉ !!!

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